Abertura: "Anjo Mau" (1997)
Voltando quinze anos no tempo, encontraremos “Anjo Mau” em seu último mês de exibição na faixa das seis da Globo. Uma reedição da novela de grande sucesso de Cassiano Gabus Mendes, levada ao ar no horário das sete em 1976. A nova “Anjo Mau” marcou a estreia de Maria Adelaide Amaral, ex-pupila do próprio Cassiano, como autora principal. Na expectativa pela estreia, em setembro de 1997, a novelista disse que a sua versão da história – mais incrementada – era “uma retomada do novelão de boa qualidade”. E foi realmente o que se viu na tela.
Nice, a mocinha atípica interpretada anteriormente por uma Susana Vieira duas décadas mais jovem, caiu nas ótimas mãos de Gloria Pires, que vinha de um mau passo em sua carreira, “O Rei do Gado” (1996). A escalação aconteceu a partir de uma intercessão de Orlando Morais, marido da atriz, que aproveitou uma ida ao Projac para sugeriu à Carlos Marga, diretor artístico da produção, o nome da esposa para o papel. E assim aconteceu. Manga convenceu Gloria a adiar suas férias da telinha, lhe presenteando com um personagem cheio de nuances, e, de brinde, colocou Orlando Morais cantando “Cruzando Raios” na abertura da novela.
Ah, a abertura! A vinheta trazia, para variar, a figura de uma mulher no foco das câmeras – recurso que Hans Donner jamais se cansou de usar. Desta vez, entretanto, as curvas do corpo feminino não foram exploradas, pelo menos não conceitualmente. A modelo era Graziela de Laurentis, dublê de corpo de Gloria Pires em “Mulheres de Areia” (1993), onde a atriz interpretou as gêmeas Ruth e Raquel.
Na peça, representando a ambiciosa e sonhadora Nice, Graziela aparecia se maquiando e vestindo um belo vestido de noiva. Aprontando-se para casar, a noiva surgia desbotada dos pés à cabeça, enquanto os seus acessórios, roupa e maquiagem eram devidamente coloridos. Ao fim, no último take, ela era focalizada com sua cor natural, antes de dar lugar ao logotipo da novela. A assinatura, aliás, tinha uma concepção bem interessante. Com a palavra “anjo” em cor branca – aparentando uma textura de nuvem – e “mau” rigorosamente preto, a marca sugeria uma contraposição inserida na trama: fantasia versus realidade.
Mas o que chamou, mesmo, a atenção nessa abertura foi o seu viés publicitário, sendo o melhor e maior comercial da Avon de que já se teve notícia. Na vinheta, a noiva se maquiava com produtos da marca norte-americana, o que causou furor entre as telespectadoras do folhetim. A estratégia fazia parte de um pacote de merchandising fechado entre a emissora e a multinacional de cosméticos.
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